BPCA - Betão com Prévia Colocação de Agregados
Construção Nova
Betão com Prévia Colocação de Agregados
O betão consiste numa mistura criteriosa de cimento, água, agregados, podendo ainda contar com adjuvantes e adições de várias naturezas. Esta definição "clássica" não engloba, contudo, todas as variantes possíveis que podem resultar do processo de fabrico, do tamanho dos agregados, da massa volúmica, da consistência, e da forma de colocação.
No que diz respeito a este último aspeto, além de betão compactado com cilindro, pode-se referir o Betão com Pré-Colocação de Agregados (BPCA), em que a principal diferença para o betão tradicional reside no facto de a mistura final dos constituintes ocorrer nos moldes e não na amassadora. Na verdade, nesta técnica o agregado é disposto cuidadosamente no molde sendo posteriormente introduzida a argamassa de cimento que, graças à sua elevada fluidez, ocupa os espaços vazios entre os agregados, originando uma massa monolítica.
Na ótica de desenvolvimento de novas soluções construtivas sustentáveis, a CIMPOR aceitou o convite da EDP para participar num projeto de desenvolvimento desta técnica que contou também com a participação do LNEC.
Ensaio Laboratorial – Colocação da Argamassa
A primeira etapa deste projeto consistiu no estudo de composição das argamassas de cimento desenvolvido pelo Núcleo de Aglomerantes e Betões do Departamento de Materiais de Construção do LNEC.
O cimento eleito para este estudo foi o CEM II/B-L 32,5 N da CIMPOR fabricado no Centro de Produção de Souselas
Ensaio Laboratorial - Face do lado Sul com argamassa na parte inferior
Numa segunda fase, foi realizado um ensaio laboratorial que teve lugar nas instalações da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sob a orientação da EDP e do LNEC, que consistiu na execução de um protótipo cúbico com 2 m de aresta que visava reproduzir uma betonagem de grande massa.
Os resultados auspiciosos destas primeiras etapas levaram os responsáveis pelo projeto a utilizar pela primeira vez esta solução construtiva em Portugal em outubro de 2010, na execução da ensecadeira de jusante do escalão de montante da empreitada de construção do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo-Sabor. Nesta fase, além da EDP e do LNEC já interveio uma terceira entidade, o Baixo Sabor ACE, a quem foi adjudicada a construção deste aproveitamento.
Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo-Sabor – Ensecadeira de jusante do escalão de montante
A confiança obtida foi tal que a passagem para a construção de uma parte de um bloco da barragem do escalão de jusante, com recurso a esta técnica em Julho de 2011, foi o corolário natural deste processo.
Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo-Sabor - Ensecadeira de jusante do escalão de montante
BPCA - o que é?
O acrónimo BPCA é utilizado para designar o Betão com Prévia Colocação de Agregados, uma variante do betão com agregados de dimensão máxima da ordem de 150 mm, tradicionalmente utilizado na construção de barragens na qual o agregado grosso é disposto previamente no espaço a betonar sendo em seguida deitada a argamassa.
Poderá pensar-se que ficarão espaços por preencher mas alguns cuidados preliminares permitem esquecer essa preocupação.
No que diz respeito ao agregado grosso há que proceder à sua lavagem para favorecer a aderência da argamassa e efetuar a mistura prévia das várias frações das britas de modo a evitar o aparecimento de espaços vazios, os quais seriam preenchidos apenas com argamassa, resultando na falta de homogeneidade do elemento betonado com as consequências daí decorrentes.
Ensaio de espalhamento
A argamassa deverá ter uma fluidez compatível com o preenchimento de todos os espaços, mas com a coesão adequada para evitar a segregação.
No que respeita à cofragem, esta tem de ser suficientemente estanque para conter a argamassa e minimizar as perdas de material por eventuais aberturas.
Procedendo deste modo, a porosidade de um BPCA é semelhante à de um betão convencional com prestações e desempenho semelhantes.
Uma das maiores vantagens do BPCA é permitir a colocação direta do agregado grosso na frente de obra, eliminando a necessidade de transportar as britas à central para serem misturadas com os restantes constituintes do betão. Desta particularidade específica do BPCA resulta um benefício suplementar na economia de espaço nas centrais de betão uma vez que o BPCA permite abdicar de todo o equipamento associado ao armazenamento, transporte e pesagem dos agregados. Estes benefícios refletem-se em vantagens ambientais e económicas importantes que abrem boas perspetivas ao BPCA como uma alternativa ao betão tradicional em obras que exijam betonagens de grandes volumes, como é o caso particular das barragens.
Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo-Sabor – Ensecadeira de jusante do escalão de montante
A CIMPOR, que desde a primeira hora acompanhou o processo e participou em todas as suas fases tanto com cedência de materiais como com as informações necessárias ao desenvolvimento técnico da solução, felicita a EDP e o LNEC como mentores deste projeto e congratula-se com os resultados obtidos que abrem novas perspetivas técnicas para a utilização do cimento no fabrico de betões e com o facto de o seu cimento CEM II/B-L 32,5 N ter sido utilizado neste projeto.
Produtos Usados
CEM II/B-L 32,5 NLocalização
Baixo-Sabor
Outubro de 2010
Solução construtiva usada pela primeira vez em Portugal
Mentores
EDP e LNEC